A Arquitetura do Movimento Moderno em Faro

Faro é provavelmente a cidade mais modernista do Sul da Europa, contando com cerca de 500 edifícios, num modernismo singular, fortemente adaptado ao clima do Algarve: cobertura plana devido à chuva fraca, blocos/grelhas de cimento para proteger do sol e da luz, azulejos coloridos e influência da arquitetura modernista latino-americana. O sucesso deste movimento na cidade deve-se sobretudo ao posicionamento das autoridades locais a favor do modernismo e ao papel importantíssimo dos emigrantes, que partiram para a América Latina e regressaram a Faro com o desejo de expressar o seu sucesso através do modernismo. Fruto de um trabalho comunitário, entre os vários agentes, o movimento moderno em Faro veio provar que é com a comunidade, não contra ela, que se faz boa arquitetura-de-todos-os-dias, e que esta arquitetura é a que mais importa na qualidade do ambiente construído à nossa volta.


O Eixo Modernista de Faro: O Conjunto Urbano entre o Mercado Municipal e a Escola Secundária João de Deus


Classificado como Conjunto de Interesse Municipal desde agosto de 2020, o conjunto urbano entre o Mercado Municipal e a Escola Secundária João de Deus é constituído pelas Ruas General Humberto Delgado e Engenheiro Duarte Pacheco e pela Praceta Coronel Pires Viegas. Tem uma localização central na cidade, com edifícios e eixos viários quase todos eles das décadas de 40 e 50 do século XX.

Situado entre a área urbanizada de São Luís, junto à Escola Secundária João de Deus, e o Largo do Mercado de Faro, representa o eixo ligação entre equipamentos públicos previsto no Ante Plano de Urbanização de Faro do arquitecto João Aguiar – de 1945, com alterações em 1947 e revisão em 1963. Foi com base nesse plano de urbanização que surgiu este conjunto de edifícios públicos e lotes para a edificação de carácter privado, destinados, em grande parte, a uma classe média-alta que crescia na cidade.

Podemos ver várias correntes da arquitetura nas diferentes moradias unifamiliares e algumas de habitação plurifamiliar, desde as mais inseridas no «gosto oficial» do Estado Novo, obra dos engenheiros civis Joaquim Lopes Belchior e Humberto Almeida Carrapato, às mais modernas, obra dos arquitetos Jorge Ribeiro de Oliveira e Manuel Gomes da Costa.

Embora hoje esta zona esteja ligeiramente descaracterizada, ainda conserva bons exemplos de arquitetura moderna e de arquitetura tradicionalista do Estado Novo. Convivem, assim, neste espaço edifícios com elementos estruturais, materiais e pormenores tradicionalistas e outros de fachadas modernas, varandas de caixa, linhas retas e palas de betão armado.

Foi por ser uma zona tão importante para a Arquitetura Moderna da cidade de Faro, que te lançámos o desafio de aprenderes mais sobre ela de forma divertida e, ao mesmo tempo, sobre a história e o património da tua cidade.